domingo, 7 de maio de 2023

Quando as pedras da orla que criamos
não permitem a vazão infantil
de seu fluxo carinhoso

Que antes afogueava os seus encantos
cantando e serenando o fio fino
unindo-nos sem temores

É que minha presença nos seus planos
deve enfim tornar-se voz vazia
à espera do retorno

de um novo fluxo ardente
onde mesmo a poeira
viva a nossa poesia.

segunda-feira, 8 de maio de 2017

E de novo

Talvez sejamos
(cômica e sem modéstia)
Como Nietzsche e Salomé —
E vez de quando Sartre e Simone
Virginia e Leonard
Ted e Sylvia...
E então
Deverá, de novo, mais um fracasso
Dionísio morrer sem Ariadne?
Que continuará fiando
Para um labirinto simples fractal
Só que por sorte
— veja como somos um —
Dançamos a vida
Dançamos até que acabe
a distância de um olhar.

domingo, 23 de abril de 2017

ocigóla eneG

Da árvore só o tronco
Raiz autônoma viajando
Sobre e sob a terra
Quebrando espelhos
E rindo do azar

Como um circo vago só
Cheio de palhaços e panteras
Sereias e aranhas
E um corcunda gago
Descerebrado no amor.

Que a morte nos acompanhe
Se firme no chão de que esquecemos
Nos chame ao passado —
Yin                                                  yang                         chama     a   vida
.ir euq adiV..

terça-feira, 18 de abril de 2017

Emergi da dor
Como um peixe réptil
E esse amor
Que me deu escamas
Dói o amor que ama doer
— o Avante.

quinta-feira, 13 de abril de 2017

E quis aceitar que te amo
Sentir a queda das folhas
Em pleno outono de rosas
Esquecer o adversário
Errado pelo verdadeiro
Atravessar em três passos
O espaço que nos desanda
Em tempo de grand jeté —
Outra em quando, a Alegria.
Sou triste como um dia qualquer
Em que há chuva e céu, sol e noite
Como quando nos encontramos
E vimos o tempo passar
E me lembro do cheiro do suor
De sua vagina salgada
A força de seus braços me quebrando
Coluna, pescoço e lábios
Reduzindo-me a esqueleto
Você teme que te roube a pele
Que a foca não tenha filho
E do homem escondido nos ossos
– Te vejo correr embora
– Me deixo-te correr afora
no tutano que te faz-me.

quarta-feira, 12 de abril de 2017

Aconteça o que acontecer
Não tome a pílula
Não tome
A vida tá difícil
O amor acabou
Chorar é rotina
O apetite se foi
Mas não tome a pílula
Não há fraqueza que compense
E se te dão escolhas
Rejeite, passe, sinta o que dá pra fazer
Nem vermelha nem azul
Foge e não tome a pílula
Ainda que te forcem
E te prometam mil mundos
Não caia nessa
Você está no fundo do poço
Só te resta o deserto
E se há quem desista
Depois de muito tentar
Não tome essa pílula.

quarta-feira, 23 de março de 2016

11/07/2015

Minhas mãos estão frias
E você, longe.

Te amo tanto que dói
Menos que imagino.

sábado, 30 de maio de 2015

Poema do poeta alegre, do qual o escritor, agora, corre atrás

Manhã cativa.

É sono que não vem
Pros olhos que perdi.

Algo que passou de cheiro
E persegui.

Vou, e sua língua
Me toca a pele gritante.

Manhã cativa
E ela é sua, e sua eu

E soa, e soa
Úmida música palpitar

Flutua, e flutua
Té que a dor não seja mais
Só igual
E reticências, e passares.

domingo, 12 de abril de 2015

Soneto ao rapaz triste, pelo qual o poeta, outrora, sentira algo que hoje torna ao riso.

Subindo a ladeira, um ponto azul
Passeando sua linda cachorra
Volta pra casa onde pôde
Tanto tempo ser sul.

Grã pena que corra!
Enfia a chave fundo
No portão gradeado injusto:
Louco! sua mão treme sem porra!

Ah, noite fria, orvalhada em lua
Na orla de sua entrada, uma folha
Orna em m'nha face escura uma luz

Que defronta alegre sua forca
Te ofusca o azul rumo ao triste fusco...
Não tema! Alegria é quem fura bolhas!

domingo, 29 de março de 2015

Sua presença rubra em tempo
É qual vento em noite fresca
Finda a pena em cinco meses
Hoje certa e agora intensa
Cinco a mais terei presente
Para o certo e intenso avesso.
Em Pausânias há o excerto
Sábio tem princípio em barba —
Nada... tem princípio em vida
Em sofrer sem vias más,
Alma, auriga e dois cavalos.
Seus peidos, faces, cheiro e mais!
Só você me quebra... sim: sim!
      Cê me trouxe à realidade!!

domingo, 18 de janeiro de 2015

Sua presença em chamas
Sua ausência estanha
Não, não... erro
Falar assim
cria a ideia falsa.

Uma lata no fundo
Pelo amor uma ferrugem.
Canta o esquife preto listrado
Nossa amizade de amor
Nossa alegria esvoaçame.

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

As gaivotas de Bach

I
Berrando como o inferno,
Vão duas gaivotas
Às enxárcias carmesim.

Nem a espera, nem o caminho;
Nem a revoada, nem a chegada...
O voo.
O azul atrás, o senclér acima
E o branco em frinchas.
Tudo o que sinto sou
Tudo o que toco me é
Minha ascendência é plana
Meu horizonte são dois.

Planando
Só existe ar em meu sob
Em minhas vísceras
Meu espírito.
E bato asas – e sei – você está.
A noite vem do oriente
Mar sereno e calmo qual metal
Insetos rastejantes com cascos
Nos mãocomunamos.

Ouvi de você:
"O vento é torto
Não sei, se me esqueço o que fiz
Foi porque fiz com o sentir.
Tenho medo
Preciso de quem me segure."

II
Duas coisas
Que brilham:
A terra e as estrelas — céu.

A noite cobriu-me em fora.
Grilos criem
Cigarras gorjeiam
E bato as asas:
E me subo, vou e vou
Em busca do frio
Que a noite não trouxe.
Seu fogo córeo...
O que você me deixou?

Do peito direito
Navega
Ao abdômen esquerdo
– De sudeste a noroeste –
Me escoam as raízes.
Sua presença não falta,
Passa.
Tristeza?
Só no que não existe!

E ouvir de mim:
Você se tornou só mais um amor não correspondido.
Veio e não foi.
Peixe pula d'água —
O arrebol me descende —
Só no sem rumo — alegria.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Amo com o silêncio que existe
nos desvãos da felicidade.
Minha verdade emite
calor pela ciência invernal.

Trouxe ao mundo comigo
as partes externas pra sentir mais.
Criado-mudo frio,
amo seu cinzeiro como amo suas farpas.

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Me corroeu o amor pra infinito
Me transviou o ato pra informe
Me arrojou de montanhas a planícies
— Rododendro, andrógina flor vivo.

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

O furo que no meio te embeleza
Enfeza o brilho destes grandes cocos,
Salaminhos caídos indiscretos,
Diamantes molhados — todo fome.

Volumundosos montes, portais ocos,
Se dentro de você tem algum cérebro,
Vento de vidro aberto, víneo soco,
Se abre essas pernas, merda, livre Cérbero.

Fogo solto na mata, mais morto
Soo após você; de natimorto
Pele fina petiz, impérios sem fé.

Se alevanta valor mais alto, credo
Em deus menos que em teu andar profético:
Ofurô sem cocô não tem amor.

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Fiz de meu corpo o impossível
Pra fazer do mundo meu lar.
Deixei penetrarem minha carne
Tripas e corpos de formigas;
E coleiam, coleiam sempre
Sinos da agonia ridente;
E sorriem, sorriem sempre
O amor estanho que me banha.
Beijar o mundo flor de fezes,
Transar pessoas fez em corpo,
          Explodir períneos em grego.

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

As ressonâncias do terror
O grito de todos
O riso de velhinhas e crianças
Acariciam e cocegam
As pedras originadoras
Erigidas sob amoníaco e carbono

Sim, inventar seriedades
Um solo aberrante
Num meio goliardo são
Risos e cirros.

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Esses olhos cansados
Da guerra tida outrora
De quando nem vivia
Sinto ser a leveza
E sei que assim o são
De fins de tardes em cirros
Alaranjados cirros
Sobre cimos tão próximos
Onde enraizado ao chão
Vejo a noite dançar
Tão iminente e úmida
Despedindo-se alegre
Da atávica tristeza
Ínfima e do sol
Que ainda no cume arde.

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Me nasce forte um amor no peito em ver
Os idos dos idos meus já mais eram
Felizes que os felizes idos meus.
No instante tristes; no hoje já mais lindos.
É pelo tempo que me aflora hoje
           Sem ter ontem onde me possa me erguer
           Nem quando ousarem me achar mais feliz.

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Que sorte! Aleluia! Que o bicho homem
É insaciável, imáculo no incerto,
Tão humano e ilimítrofe,
Belo no rosto em sangue vivo.

Tão ínfimo, sem tino e medroso,
Se a vida urge, foge incerto,
E sempre urge, serzinho pio;
Sendo aparte, me faço vivo.

Entristeço que assim seja, lá o povo,
Aqui a solidão carnavalesca
Minha. Tão forte assim me sinto
Que é grande sossego viver.

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Formas translúcidas, as mais diáfanas;
Breves, fugidias, formas supernas:
Fecundai o louro desses parnasos
No que de hoje espoca nas hodiernas

Formas livres, reais, palpáveis e sorridentes;
Ascendentes formas de pés enraizados ledos
No firmamento de chão, nos irisados contornos
Do exterior, da vida – no sorriso espontâneo

De quem se rejubila –
De quem ama estar eterno morituro.

Sim... sim...
Leve, lento...

domingo, 15 de dezembro de 2013

Hoje, não sei quando,
A vida soa farta de ser espontânea
Soa existir pra fora de mim
– Até eu –.
Sob uma árvore sem sol que a passe
Alegro-me de poder ver o céu em partes
E sentir sem fechar os olhos
Meu corpo lá no alto que se desfaz em folhas
Onde cada uma se espalha com o vento
Longe cada uma de si
Sem falta, sem perda
Sabendo que cada é um todo
E que o todo é de quem sente.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Nunca vi tempos
Nem humanidade
Nesta mole imensa
Do que sinto infrene.

O mundo inteiro
Reveste-se por pétreo
Horror ao horror
De existirem só.

Enquanto caminho,
Órgãos dos outeiros
Gemem vaporosos
Minha alma externa
E desenham vagos
O coro das cores
E abrem meus olhos,
Abléfaros, ao real.

Salve gente! homem! e humanidade!
Seus rostos mostram ainda a altivez
Superna de quando há teratos no viver
E a beleza se expande sem arautos.

De tempos em tempos, qual teogonia,
Incorre o homem, inalvedrio,
Às catástrofes, guerras e ao perigo
Quando o choro é fonte de serenidade

E a vida, enfim, é idade de ouro.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

A noite borra as cores das coisas
Nem por isso elas deixam de ser o que são.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Estâncias

Pensei ter visto a tristeza
Mas era só meu o abismo.
Ó, petiz, tende a certeza
De haver flores em teu grito.

Nos envoltos, tudo soa.
Grita, evola, evoé!
A este mundo de empola
Ao nosso sopro sem sombra.

Não dance! — deixe-se só.
Quem dança ainda pensa.
O revolver da turba sói
Fazer sentir, sem ser sentido.

Passar, petiz, passar
Amar o real acima
Ser sombra de Sol no mar
E sentir, sem nos sentirem.

domingo, 28 de julho de 2013

Intermitente

"Olho semicerrado num sono sem noite
Outrora de um instante hoje ao amanhã
Sem astros, sensciente de meu cerne, o chão
Da ínsula sem onde infuso, uma empola.

Busca do que eu fui, perco-me, mente sã,
Daquele que em outrora expira sendo outro.
Domicílios sem alma, estância sem corpo
Na memória de todos; — há vozes passando.

Errando neste solo, um sequer assomo,
Sem fito algum lançado no espanto de arroubo,
Provido sem destino e sem deus à mão.

Cingido em mim ausculto a paisagem louçã
Emerso em cinza e azul de mim para mim vão.
Vendo sem ser visto; — sem saber quem, estou."

quinta-feira, 25 de abril de 2013


Nem amanhã e nem depois,
Malditos portugueses fracos,
Hoje, clamo sem medo e dor
Num silêncio que não me torna rasto.

Hoje, não temerei mais nada
Que, até então, me impediu de mim:
Nada além da autenticidade
A vida há valor, se não há suicídio.

Somente em dança esquizofrênica
Que estes as não são sofrimento
Pura leveza e nenhum tempo exato
Que cada mover escoe de minha pele
Como nunca a tivesse só uma grande ruptura
Por que tudo passa e com ele passe eu sem visão uma pura ação

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Desde uma infância

A pompa era o escurecer-se dentro do quarto,
em que sentou-se, quietinho, o garoto.
E quando a mãe entrou como em sonho
vibrou um copo no silencioso armário.
Ela sentiu o quarto a aprisionando,
e beijava o seu garoto: Você está aqui?...
Então ao piano olharam aflitos,
pois há noites em que ela a ele ia cantando,
à criança prendendo estranha e profunda.

Sentou-se. Seu grande olhar agarrava
a mão da mãe, que muito torcida estava
como se em um monte de neve se afunda
pesada, em teclas brancas junta.

Rainer Maria Rilke

Tradução: Felipe Pacheco.

segunda-feira, 4 de março de 2013

Kim jesteś?

Não possa ser poeta sem sair
de onde vieste, genializar-te
sem ter culpa de quem deixas pr’atrás,
consegue consigo mesmo sua sina,
ainda que impossível.

O estridente inverno, busca com ele;
o augusto outono, respira-o infindo.
Abraça a dor, qual aranha sua teia.
Sê, pois, consciente da indiferença
hodiernos atos teus.

Tem a ti o eterno como presente.
As coisas que te rondam jamais sejam
mais nem menos que as coisas que te rondam.
Cai antes de andar, o chão antes do ar.
Assim, serás qual deuses.

Como infante sem semblante franzido,
sê, inteiro, pesado em sóbria essência,
e por Zéfiro levado, ludibundo.
Sói perderes-te no espaço do mundo.
Longa arte, longa vida.

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Moro numa sociedade de milhões
de eus que eu jamais deixei de ser
diversos, variados e impossíveis
numa cidade burra e sem nada
a não ser meus eus em meio ao deserto
sem realidade, mas qu'inda é
um deserto com uma cidade ali
bem no meio mentiroso
estes eus são piores no entanto
pois pecam sempre por não ser quem sou
eu jamais peco, disso eu sei muito bem
pouco entendo sobre o que é pecar
falta-me a ciência desnecessária
para poder cair em algum erro
apenas ajo, se erro ou não, não sei
isto eu deixo para os outros julgar
houve um dia, terrível pra história
em que se tornaram animais pensantes
em que deixaram de ser eu pra sempre
não entendiam mais sem conhecer
mais vale a ida ao deserto sem água
mas com vida, pois este é o meu meio
que enclausurar-se aí com a cegueira
um desses eus que me via na borda
um dia veio conversar comigo
dormia, pouco entendi o que disse
mas já me bastou saber que disse algo
pouco me importa saber o que dizem
sei mais nada do idioma deles

sento-me aqui...

é a este espetáculo do mundo
que assisto sem saber bem o porquê
tentando entendê-lo em nada, necas
se eu compreendo algo, eu não enxergo.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Nie wiem

Queria poder
Aprender sem saber
O porquê de querer

Ter aquela estranha capacidade
De não saber quem se é
Ah! falá-lo com a estranha seriedade científica
Sem, no entanto, ter cenho franzido
Sem ter filosofia
Um pingo de conhecimento de causa
Não falar por já ter razões
Não falar por ter motivos

Sentar-se no centro do universo mentiroso
Olhar pra frente vislumbrando o passado
Pouco se importando com o futuro atrás de si
Entendendo tudo sem nunca ter lido um livro
Nu pois a roupa constrange as pinturas do corpo
(Re)Nascendo fora do ventre inexistente.

Nie wiem
Nie wiem
Nie wiem
... (quantas vezes quiser)

Quem mais senão um idiota
Que finalmente aprendeu a passar?

Felipe Pacheco.

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

"Nós, os nobres, nós, os bons, os belos, os felizes!"

Erros da natureza e nada mais!
Espíritos como o meu jamais poderiam ser um acerto
Pois o egoísmo de flor que em mim late
Assim como lateu naquele poeta
Só podem existir por erros
Enganos, uma pitada a mais que mata.

Por quê? Como poderia eu ser isso?
Simples!: um pássaro come uma borboleta
uma aranha come uma borboleta
uma lacraia come uma borboleta
eu como uma borboleta
E cadê a comiseração que chora?

Não, não poderia culpá-la, não.
Como poderia ser diferente se eu sou o que sou?
Se eu fosse um outro, eu choraria pelas queimaduras,
teria muito medo dos monstros que comigo dormem com gargalhadas infantis,
ajoelhar-me-ia perante o poder que me coage arenoso.
Ah! quem dera a natureza cometê-los.

Aí, não seria mais natureza.

Felipe Pacheco.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Gravidade que nem existe

Havia um inseto
E havia um chinelo
Que surrou-lhe a face

O rapaz que esse ato fez
Sentiu-se feliz ao ver
O inseto cambaleante

Recostou a cabeça no armário
Fixou-a nos braços, sentindo o trabalho
De aguentar o peso da vida entrequebrando-se

Por pura brincadeira.

Felipe Pacheco.

domingo, 6 de janeiro de 2013

Corpo

Foi com professores impossíveis
Que meu corpo, enfim, tornou-se desvalorizado
Enfim se tornou corpo.

Felipe Pacheco.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Den Tollern

"Ach",
sagte ich alle(i)n,
"die Welt wird
mit jedem Tag breiter.

Einst war es, ich weiß,
eng, wie die mich umgebene Welt;
durfte ich eine Angst haben
doch heute laufe ich weiter.

Dort seh' ich die Mauer,
in die ich laufe
und nichts Andres will ich tun

Dort seh' ich das letzte Zimmer,
und falls ich die Richtung ändern muss,
will ich es gar nicht.

Ich lass mal die Welt mich fressen."
sagte ich alle(i)n.

Felipe Pacheco.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Engano

As coisas da rua são coisas
E assim também é o homem
Nisso não há problema algum

Esqueço. Num momento em que devia
Falar da rua e coisa que alivia
Foi-se pelo meu (falso) ser embora
Embora o verdadeira haja sem mora

Ah! não tento encontrar, pois sei que não
Acho sequer o pó prostrado são
Salvo infantilidade ali jogada
Perto das coisas pra ser enfim pisada

Pena, senhor doutor, que minto muito
Não culpe, por favor, a mim se sou
Mais um trouxa bocó que te enganou

Felipe Pacheco.

sábado, 10 de novembro de 2012

Todos os meus pontos
Se tornam vírgulas
Porque me nego
O fim da obra
Só para afirmar
Que a vida é assim.

Felipe Pacheco.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Uma criança me olha
Nenhuma rosa nasce
Nenhuma rua para
Nenhum homem morre
Nenhum ninguém nada

Uma criança me olha
Se a olho de volta...

Ah, como perdemos esse poder!

Felipe Pacheco.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Tal qual a formiga
que é empurrada e não morre
na queda,
a criança não se espatifa
é levada pelo vento
divertindo-se com Zéfiro.

Ao chegar no chão
olha para cima, mas
não para olhar quem a jogou ali
mas por causa do céu.
Dali ele é diferente.

Felipe Pacheco