segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Amo com o silêncio que existe
nos desvãos da felicidade.
Minha verdade emite
calor pela ciência invernal.

Trouxe ao mundo comigo
as partes externas pra sentir mais.
Criado-mudo frio,
amo seu cinzeiro como amo suas farpas.

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Me corroeu o amor pra infinito
Me transviou o ato pra informe
Me arrojou de montanhas a planícies
— Rododendro, andrógina flor vivo.

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

O furo que no meio te embeleza
Enfeza o brilho destes grandes cocos,
Salaminhos caídos indiscretos,
Diamantes molhados — todo fome.

Volumundosos montes, portais ocos,
Se dentro de você tem algum cérebro,
Vento de vidro aberto, víneo soco,
Se abre essas pernas, merda, livre Cérbero.

Fogo solto na mata, mais morto
Soo após você; de natimorto
Pele fina petiz, impérios sem fé.

Se alevanta valor mais alto, credo
Em deus menos que em teu andar profético:
Ofurô sem cocô não tem amor.

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Fiz de meu corpo o impossível
Pra fazer do mundo meu lar.
Deixei penetrarem minha carne
Tripas e corpos de formigas;
E coleiam, coleiam sempre
Sinos da agonia ridente;
E sorriem, sorriem sempre
O amor estanho que me banha.
Beijar o mundo flor de fezes,
Transar pessoas fez em corpo,
          Explodir períneos em grego.

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

As ressonâncias do terror
O grito de todos
O riso de velhinhas e crianças
Acariciam e cocegam
As pedras originadoras
Erigidas sob amoníaco e carbono

Sim, inventar seriedades
Um solo aberrante
Num meio goliardo são
Risos e cirros.

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Esses olhos cansados
Da guerra tida outrora
De quando nem vivia
Sinto ser a leveza
E sei que assim o são
De fins de tardes em cirros
Alaranjados cirros
Sobre cimos tão próximos
Onde enraizado ao chão
Vejo a noite dançar
Tão iminente e úmida
Despedindo-se alegre
Da atávica tristeza
Ínfima e do sol
Que ainda no cume arde.

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Me nasce forte um amor no peito em ver
Os idos dos idos meus já mais eram
Felizes que os felizes idos meus.
No instante tristes; no hoje já mais lindos.
É pelo tempo que me aflora hoje
           Sem ter ontem onde me possa me erguer
           Nem quando ousarem me achar mais feliz.

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Que sorte! Aleluia! Que o bicho homem
É insaciável, imáculo no incerto,
Tão humano e ilimítrofe,
Belo no rosto em sangue vivo.

Tão ínfimo, sem tino e medroso,
Se a vida urge, foge incerto,
E sempre urge, serzinho pio;
Sendo aparte, me faço vivo.

Entristeço que assim seja, lá o povo,
Aqui a solidão carnavalesca
Minha. Tão forte assim me sinto
Que é grande sossego viver.