domingo, 18 de janeiro de 2015

Sua presença em chamas
Sua ausência estanha
Não, não... erro
Falar assim
cria a ideia falsa.

Uma lata no fundo
Pelo amor uma ferrugem.
Canta o esquife preto listrado
Nossa amizade de amor
Nossa alegria esvoaçame.

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

As gaivotas de Bach

I
Berrando como o inferno,
Vão duas gaivotas
Às enxárcias carmesim.

Nem a espera, nem o caminho;
Nem a revoada, nem a chegada...
O voo.
O azul atrás, o senclér acima
E o branco em frinchas.
Tudo o que sinto sou
Tudo o que toco me é
Minha ascendência é plana
Meu horizonte são dois.

Planando
Só existe ar em meu sob
Em minhas vísceras
Meu espírito.
E bato asas – e sei – você está.
A noite vem do oriente
Mar sereno e calmo qual metal
Insetos rastejantes com cascos
Nos mãocomunamos.

Ouvi de você:
"O vento é torto
Não sei, se me esqueço o que fiz
Foi porque fiz com o sentir.
Tenho medo
Preciso de quem me segure."

II
Duas coisas
Que brilham:
A terra e as estrelas — céu.

A noite cobriu-me em fora.
Grilos criem
Cigarras gorjeiam
E bato as asas:
E me subo, vou e vou
Em busca do frio
Que a noite não trouxe.
Seu fogo córeo...
O que você me deixou?

Do peito direito
Navega
Ao abdômen esquerdo
– De sudeste a noroeste –
Me escoam as raízes.
Sua presença não falta,
Passa.
Tristeza?
Só no que não existe!

E ouvir de mim:
Você se tornou só mais um amor não correspondido.
Veio e não foi.
Peixe pula d'água —
O arrebol me descende —
Só no sem rumo — alegria.