domingo, 24 de fevereiro de 2013

Moro numa sociedade de milhões
de eus que eu jamais deixei de ser
diversos, variados e impossíveis
numa cidade burra e sem nada
a não ser meus eus em meio ao deserto
sem realidade, mas qu'inda é
um deserto com uma cidade ali
bem no meio mentiroso
estes eus são piores no entanto
pois pecam sempre por não ser quem sou
eu jamais peco, disso eu sei muito bem
pouco entendo sobre o que é pecar
falta-me a ciência desnecessária
para poder cair em algum erro
apenas ajo, se erro ou não, não sei
isto eu deixo para os outros julgar
houve um dia, terrível pra história
em que se tornaram animais pensantes
em que deixaram de ser eu pra sempre
não entendiam mais sem conhecer
mais vale a ida ao deserto sem água
mas com vida, pois este é o meu meio
que enclausurar-se aí com a cegueira
um desses eus que me via na borda
um dia veio conversar comigo
dormia, pouco entendi o que disse
mas já me bastou saber que disse algo
pouco me importa saber o que dizem
sei mais nada do idioma deles

sento-me aqui...

é a este espetáculo do mundo
que assisto sem saber bem o porquê
tentando entendê-lo em nada, necas
se eu compreendo algo, eu não enxergo.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Nie wiem

Queria poder
Aprender sem saber
O porquê de querer

Ter aquela estranha capacidade
De não saber quem se é
Ah! falá-lo com a estranha seriedade científica
Sem, no entanto, ter cenho franzido
Sem ter filosofia
Um pingo de conhecimento de causa
Não falar por já ter razões
Não falar por ter motivos

Sentar-se no centro do universo mentiroso
Olhar pra frente vislumbrando o passado
Pouco se importando com o futuro atrás de si
Entendendo tudo sem nunca ter lido um livro
Nu pois a roupa constrange as pinturas do corpo
(Re)Nascendo fora do ventre inexistente.

Nie wiem
Nie wiem
Nie wiem
... (quantas vezes quiser)

Quem mais senão um idiota
Que finalmente aprendeu a passar?

Felipe Pacheco.