quinta-feira, 25 de abril de 2013


Nem amanhã e nem depois,
Malditos portugueses fracos,
Hoje, clamo sem medo e dor
Num silêncio que não me torna rasto.

Hoje, não temerei mais nada
Que, até então, me impediu de mim:
Nada além da autenticidade
A vida há valor, se não há suicídio.

Somente em dança esquizofrênica
Que estes as não são sofrimento
Pura leveza e nenhum tempo exato
Que cada mover escoe de minha pele
Como nunca a tivesse só uma grande ruptura
Por que tudo passa e com ele passe eu sem visão uma pura ação

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Desde uma infância

A pompa era o escurecer-se dentro do quarto,
em que sentou-se, quietinho, o garoto.
E quando a mãe entrou como em sonho
vibrou um copo no silencioso armário.
Ela sentiu o quarto a aprisionando,
e beijava o seu garoto: Você está aqui?...
Então ao piano olharam aflitos,
pois há noites em que ela a ele ia cantando,
à criança prendendo estranha e profunda.

Sentou-se. Seu grande olhar agarrava
a mão da mãe, que muito torcida estava
como se em um monte de neve se afunda
pesada, em teclas brancas junta.

Rainer Maria Rilke

Tradução: Felipe Pacheco.